Manual RioRio

Professor do Rio de Janeiro, a descoberta da História e da Geografia de nossa cidade, nas séries iniciais do Ensino Fundamental, pode transformar-se em uma experiência inesquecível, capaz de influenciar por toda a vida o olhar e o sentimento do estudante pelo lugar onde vive. Neste manual, procuramos transmitir nossas ideias para o aproveitamento da obra. Esperamos que o livro RioRio e nossas orientações possam incentivá-lo a apaixonar-se cada vez mais por práticas de ensino-aprendizagem sobre a nossa cidade, trabalhando-as com os estudantes, que desejamos, no futuro, ainda mais críticos e atuantes em defesa do Rio.

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Conhecer para amar

Quando começamos a conversar com as crianças sobre o Rio, logo apresentamos a primeira pergunta: -Vocês sabem onde a nossa cidade nasceu? Como ela surgiu? Quando? Por quê? Como ela cresceu? Se queremos tratar da cidade objetivamente, como algo concreto, que nos abriga e envolve, as primeiras perguntas que apresentamos aos estudantes devem ser essas: Onde? Como? Quando? Por quê? A partir dessas perguntas, com um bom mapa da cidade fixado na parede da sala de aula, inicia-se a narrativa. "A cidade foi fundada pertinho do Pão de Açúcar", afirma um estudante. "Vamos procurar o Pão de Açúcar no mapa", propõe o professor. Como se pode perceber, adotamos uma referência geográfica para explicar a História da cidade às crianças. Os morros do Pão de Açúcar e do Corcovado são referências essenciais, assim como o extinto Morro do Castelo, onde o Rio começou a crescer, e tantos outros... Morros, lagoas, prédios, pedras, igrejas, praças, palácios... A escolha de uma referência concreta para se incorporar à narrativa é primordial. "E o nosso colégio, onde está?" Trata-se, também, de relacionar as referências da cidade à própria localização da escola e do bairro ou seja, ao espaço e à escala urbana do cotidiano da vida do estudante. Assim, para promovermos a descoberta da cidade, no primeiro segmento do ensino fundamental, adotamos algo absolutamente concreto, claro e instigante, pleno de histórias e significados: o espaço urbano e suas referências geográficas e urbanísticas mais visíveis e importantes. Essa é a proposta do livro RioRio. A história do Rio e a lógica do crescimento da cidade sobre o solo, aliadas aos desenhos em quadrinhos, desencadeiam a caminhada.

Conhecer para amar, amar para preservar, cuidar, proteger - aí está a ideia que deu origem à elaboração do livro em 1992. Importa motivar os pequeninos ao conhecimento da história da cidade e à percepção do espaço urbano, para suscitar em seus corações o sentimento de que a cidade lhes pertence e de que deve ser preservada por todos. O entendimento de que a leitura da geografia é inseparável da história da ação do homem sobre seu meio é fundamental. Se, no final do ano, junto a todo conhecimento construído, os estudantes demonstrarem maior interesse pelo espaço público de seu cotidiano, por seu bairro e cidade, certamente o trabalho realizado terá deixado uma boa semente. O Rio? Devemos sempre frisar: ele é a nossa casa gigante.

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Como utilizar o RioRio?

RioRio é um livro sem perguntas definidas ou lacunas para serem preenchidas. Ele apresenta ao professor a oportunidade de criar seu próprio modo de trabalhar com o estudante. Ao contrário de uma “receita pronta”, que oprime a criatividade, o estudo e a reflexão, com RioRio é a prática pedagógica escolhida por cada professor que definirá a forma de utilização da obra.

O livro traz a História da cidade, desde sua fundação aos dias de hoje. Dividido em três grandes partes - Colônia (p. 6-44), Império (p. 45-78) e República (p. 79-133), RioRio privilegia os principais acontecimentos e informações relacionados à forma, ao crescimento e às transformações do espaço urbano da cidade. Cada página apresenta uma narrativa em si e, ao mesmo tempo, relacionada às páginas vizinhas.

Em nosso entender, todas as atividades a serem realizadas com o RioRio devem ser precedidas da leitura de um trecho do livro. Entre diferentes formas de leitura, recomendamos a mais simples: a caminhada que se faz na linha do tempo, em etapas, da primeira à última página. A leitura por assunto, que compara o mesmo tema, em diferentes momentos da história, é uma boa opção, aconselhada para o final, quando a turma já tiver bom conhecimento de toda narrativa.

O livro é, na verdade, um resumo da história do Rio, a ser desenvolvido conforme a prática de ensino-aprendizagem de cada professor ou grupo pedagógico. Sabemos, no entanto, que não basta a leitura da obra. Recomendamos, a cada passo, a escolha de um ou mais temas para aprofundamento, relacionados, sempre que possível, à realidade do estudante, ao bairro da escola, à comunidade e ao tempo presente.

Nessa escolha, não se pode esquecer as três áreas fundamentais do ensino interdisciplinar: sociedade, tempo e espaço. Dentro desses grandes universos, as atividades pedagógicas podem trazer à reflexão questões relevantes, tais como: identidade, cultura e transformação; poder e cidadania; profissões, modos de trabalho e modos de produção; ciência e tecnologia; preservação do meio ambiente e do patrimônio cultural, entre outras.

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Leituras Temas Passeios

Propomos cinco conjuntos de leitura para o trabalho com o livro RioRio, durante o ano letivo. Os conjuntos relacionam-se a etapas da história urbana da cidade e se intitulam: Fundação da cidade (1500-1567), Primeira expansão (1567-1808), Crescimento do século XIX (1808-1904), Cidade Moderna (1904-1960) e Cidade contemporânea (1960-2000).

Conforme apresentamos a seguir, para cada conjunto de leitura sugerimos três ou mais temas de aprofundamento, referências, passeios culturais e mapas, com sugestão de áreas e vias de ligação para destaque. As referências citadas estão presentes na narrativa do livro e servem como marcos ou sinais para melhor compreensão do período histórico em estudo. Assim, a cada leitura, entre outras atividades, recomendamos a localização das referências em um mapa do Município. Muitas referências encontram-se no Centro, em razão da importância histórica do bairro, que foi o lugar da gênese do crescimento urbano do Rio. Durante as atividades de pesquisa e os passeios culturais, os estudantes poderão eleger outras referências que considerarem importantes. A cada leitura, sugerimos, também, que sejam destacadas, no mapa do município, grandes áreas e vias de ligação. Trata-se, desta vez, dos maciços, zonas, bairros e grandes avenidas da cidade. Naturalmente, as orientações expressas neste manual servem para ajudar o professor. Cada escola deverá, no entanto, analisar, modificar ou complementar o que considerar relevante. A história da cidade em quadrinhos do RioRio representa uma espinha dorsal, um subsídio para o trabalho criativo e responsável, que certamente cada professor saberá desenvolver com sua turma. Ao iniciar o trabalho com o RioRio, observamos a importância da apresentação do livro e do personagem Criu Carioca, que conta a História do Rio, por meio do texto das páginas 3 a 5.

Apresentam-se, abaixo, os cinco conjuntos de leitura, com sugestões de temas para aprofundamento, referências urbanísticas ou geográficas, passeios culturais e áreas para destaque no mapa do município, que deverá estar fixado na parede da sala da aula como objeto permanente para análise dos estudantes ao longo do ano. Não é demais frisar que as ideias propostas, aqui, devem ser avaliadas e adaptadas à prática pedagógica de cada professor ou grupo escolar.

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Conjuntos de leitura

Fundação da cidade - 1500 a 1567 (p. 6-22)
Temas Referências Passeio cultural Destaques no mapa
Cultura indígena
Natureza tropical
Luta pela terra
Colonização portuguesa
Baías de Guanabara e
Sepetiba, Pão de Açúcar,
Morro Cara de Cão e do Corcovado.
Fortaleza de S. João,
Morro do Pão de Açúcar.
Baías de Guanabara e Sepetiba, Maciços, Lagoas, Morro do Pão de Açúcar e do Corcovado.
Primeira expansão - 1567 a 1808 (p. 23-44)
Temas Referências Passeio cultural Destaques no mapa
Conquista do solo,
Injustiça, Escravidão,
Vida na cidade, Meios de transporte, Saneamento, Abastecimento de água.
Ladeira da Misericórdia Rua Primeiro de Março 
Largo da Carioca
Largo de São Francisco
Ladeira da Misericódia 
Praça XV de Novembro
Passeio Público
Igrejas coloniais
Ponte dos Jesuítas
Bairro Centro
Praça XV de Novembro 
Zonas da cidade
Bairro da escola
Crescimento urbano do século XIX -1808 a 1904 (p. 45-78)
Temas Referências Passeio cultural Destaques no mapa
Obras de Dom João
Tipos de moradia Doenças, insalubridade
Fábricas e profissões
Campo de Santana 
Quinta da Boavista
Fazenda de Sta. Cruz
Campo de Santana 
Quinta da Boavista
Ilha Fiscal
Idem anterior
Linhas de trem
Cidade moderna - 1904 a 1960 (p. 79-113)
Temas Referências Passeio cultural Destaques no mapa
Demolir para construir Ocupação dos morros
Pontes e viadutos
Transporte de massa
Avenida Rio Branco, 
Teatro Municipal, 
Maracanã, Rocinha,
Vila Kennedy.
Biblioteca Nacional
Palácio do Catete 
Idem anterior
Maracanã
Avenida Brasil
Cidade contemporânea - 1960 a 2000 (p. 114-133)
Temas Referências Passeio cultural Destaques no mapa
Cidade: casa gigante
Preservação
Cidadania e compromisso
Linha Vermelha,
Ponte Rio-Niterói,
e Metrô.
Cristo Redentor
Pico da Tijuca
Idem anterior,
Linha Vermelha,
Ponte Rio-Niterói e
Comunidades.
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Atividades

Seguem, abaixo, algumas alternativas para o desenvolvimento das atividades sugeridas. Como em toda proposta, também aqui, cabe ao professor, junto com sua turma, escolher o caminho mais enriquecedor para a construção do conhecimento sobre a cidade com a sua turma.



    Formas de leitura
  • Leitura individual ou em grupo, em ordem preestabelecida.

  • Cada grupo prepara a leitura para apresentação em classe.

  • Depois da leitura
  • O professor comenta a narrativa e apresenta questões, incentivando os estudantes à reflexão. Promove comparações da narrativa com costumes atuais e paisagens da cidade hoje.

  • Os estudantes pesquisam em enciclopédias informações relacionadas a cada leitura.

  • Eles também podem pesquisar na Internet ou em revistas imagens de personagens, edificações, logradouros e acidentes geográficos desenhados nos quadrinhos. Vale destacar a importância do programa "Google Earth", na Internet, para a leitura e identificação dos lugares citados no livro.

  • Cada estudante ou grupo poderá ter um caderno para o registro das descobertas. O registro se fará com colagem de recortes ou transcrição de dados. O mesmo caderno pode servir para a criação de textos e desenhos sobre os temas em estudo.

  • Depois da pesquisa e do registro, os estudantes localizam as referências em um mapa do município. Localizam, também, outras referências de interesse. A criação de uma legenda é um bom recurso neste caso.

  • A cada leitura, a critério do professor ou da escola, são apresentadas folhas de atividades sobre o tema em estudo, que poderiam ser reunidas, pelo estudante, em uma pasta de plástico de dois furos.

  • Além das pesquisas, do registro das descobertas, da localização das referências no mapa do município e das folhas de atividades, lembramos, ainda, a importância de leituras complementares, de outras obras ou artigos sobre o Rio. Neste caso, valeria a seleção prévia de recortes de jornal, livros ilustrados e textos de autores célebres.

  • Passeio cultural
  • Aconselhamos a realização de um passeio cultural por trimestre ou semestre - da turma com seu professor - de acordo com o conteúdo em estudo. A experiência será inesquecível.

  • O passeio cultural deve ser precedido de atividades preparatórias específicas, em classe. Durante o passeio, os estudantes realizam atividades planejadas previamente pelo professor. As atividades são finalizadas, depois, na sala de aula. Veja no projeto CAMINHOS DO RIO - www.caminhosdorio.com/outros-caminhos - nossos passeios culturais para estudantes do ensino fundamental.

  • Outras atividades
  • Execução de uma maquete do bairro da escola, com as principais referências conhecidas pelos estudantes, ou de uma maquete do município, com os principais acidentes geográficos e estradas. Depois, acrescentar as referências descobertas no passeio.

  • A culminância do estudo da cidade, no final do ano, poderá ser a exposição dos trabalhos realizados - cadernos, registros, "pps", maquetes e mapas. Um jornal ou uma pequena peça de teatro, bem divertidos, sobre tudo que conheceram, com exposição de imagens fotografadas durante o passeio, são boas ideias também.

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Referências bibliográficas

Existe vasta documentação sobre o Rio de Janeiro. Entre muitos autores que dissertam sobre nossa cidade, citamos: Alfred Agache, Augusto Malta, Brasil Gerson, Donato Mello Junior, Eduardo Canabrava Barreiros, Gastão Cruls, Gilberto Ferrez, Jean Debret, Johann Rugendas, Joaquim Manuel de Macedo, José de Oliveira Reis, Lima Barreto, Luiz Edmundo, Marc Ferrez, Mauricio de Abreu, Paulo Berger e Vivaldo Coroacy. Na bibliografia que se segue, apresentamos, apenas, alguns títulos que acreditamos poder servir ao professor do ensino fundamental.



ABREU, Maurício. Evolução urbana do Rio de Janeiro. RJ: IPLANRIO, 1987.

ALVIN, Sandra. Arquitetura reliogiosa colonial no Rio de Janeiro. RJ: UFRJ, 1999. vol. I e II.

BARREIROS, E. Canabrava. Atlas da evolução urbana da Cidade do Rio de Janeiro. RJ: IHGB, 1965.

BERGER, Paulo e outros. Pinturas e Pintores. Rio Antigo. RJ: Edição dos autores, 1990.

COROACY, Vivaldo. Memórias da cidade do Rio de Janeiro. RJ: José Olympio, 1965.

DEBRET, Jean Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. RJ: Martins, 1965.

FERREZ, Gilberto. Iconografia do Rio de Janeiro: 1530-1890. RJ: Casa Jorge Editorial, 2000.

IPLANRIO. Mapas do Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro. RJ: IPLANRIO, 1993.

PREF. DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Coleção "Bairros cariocas". RJ: Sec. Mun. Culturas, 1992.

PREF. da CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Do cosmógrafo ao satélite. RJ: Sec. Mun. Urbanismo, 2000.

RAMALHO, MATEUS RAMALHO. A Igreja de São Bento. RJ: Lúmen Christi, 1991.

REIS, J. Oliveira. O Rio de Janeiro e seus prefeitos. Evolução urbanística da cidade. RJ:PCRJ, 1977.

RUGENDAS, Johann M. Viagem pitoresca através do Brasil. SP: Editora da USP, 1989.

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Acervos

Para pesquisa sobre a cidade do Rio de Janeiro, recomendamos os seguintes acervos: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Museus Castro Maya, Fundação Casa Rui Barbosa e Instituto Histórico e Geográfico do Brasil.

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